segunda-feira, 16 de junho de 2014

Brainwash

por Luisa Granato

 
Com o fim da Primeira Guerra (1914-1918), a Alemanha, derrotada, encontrava-se em profunda crise, vendo-se forçada a assinar o Tratado de Versalhes, em 1919, acordando a sua total responsabilidade pela guerra, limitando o poder bélico do país e do exército alemão, obrigando a devolução de territórios conquistados, exigindo pagamento de uma indenização aos países vitoriosos pelos danos de guerra, além de sofrer fortes restrições no campo militar. O Tratado de Versalhes foi considerado humilhante pelos alemães, criando um desejo de revolta radicalizado na sociedade, tendo como consequência um país arrasado e caótico, tanto no aspecto político quanto no econômico. O período de crise estendeu-se de 1919 a 1933. Nesse panorama conturbado, o nazismo surgiu e se fortaleceu. Aos poucos, chegou ao governo do país, impondo-lhe uma ditadura baseada no militarismo e no terror.
    O Partido Nacional-Socialista foi fundado, em 1920, por Adolf Hitler, um antigo cabo do exército alemão, de origem austríaca. Em 1923, Hitler, indignado com as péssimas condições que os alemães enfrentavam, tentou um golpe de Estado. Sem sucesso, foi preso. Na prisão, escreveu um livro que se tornou um guia para o nazismo, chamado “Mein Kampf” (Minha luta). No livro, defendia a hegemonia da raça ariana, “A Alemanha só se reergueria quando os povos se unissem num só povo, num só império, num só líder”. 


    Adolf Hitler acreditava que a propaganda deveria ser sempre popular, dirigida às massas, fazendo com que “o mais ignorante dos seres” fosse capaz de entender sua mensagem: “As grandes massas têm uma capacidade de recepção muito limitada, uma inteligência modesta, uma memória fraca” - "A propaganda política busca imbuir o povo, como um todo, com uma doutrina. A propaganda para o público em geral funciona a partir do ponto de vista de uma ideia, e o prepara para quando da vitória daquela opinião", palavras escritas em seu livro no qual defendia o uso de propaganda política para disseminar seu ideal de Nacional Socialismo.
    Essa prática se tornou comum na década de 30 na Alemanha, graças a Joseph Goebbels, ministro da propaganda no governo nazista de Adolf Hitler – foi estabelecido o Ministério do Reich para esclarecimento popular e propaganda, encabeçado por ele. Nascido em 29 de outubro de 1897 na Renânia, Prússia, Goebbels depois de lutar na Primeira Guerra Mundial, se juntou ao Partido Nazista e foi nomeado líder do distrito de Berlim por Adolf Hitler, em 1926, se tornando o braço direito de Hitler.
    Depois que o Ministério Reich foi estabelecido, Goebbels foi nomeado Ministro da Propaganda. O objetivo do Ministério era garantir que a mensagem nazista fosse transmitida com sucesso através da arte, da música, do teatro, de filmes, livros, estações de rádio, materiais escolares e imprensa. Goebbels foi o responsável pela criação do mito “füher”. Produzindo filmes emocionantes divulgando o nazismo. A propaganda e os filmes não apenas criticavam os inimigos, mas também criavam modelos de comportamento a serem seguidos pelos alemães, como ser controlados economicamente e evitar o luxo. Para consolidar suas ideias, ele censurou toda a imprensa alemã, fechando jornais, editoras e emissoras de rádio e televisão. Quase todos paravam para ouvir os seus discursos de Hitler e a propaganda de Goebbels surtiu efeito. Milhares de alemães filiaram-se ao partido e contribuíram para o Holocausto de Hitler, torturando e matando seus próprios compatriotas.
    Muitas produções nazistas retratarem os judeus como seres “subhumanos”, como em 1940, por exemplo. “O Eterno”, dirigido por Fritz Hippler, que retratava os judeus como parasitas culturais, levianos, consumidos pelo sexo e pelo amor ao dinheiro. Outro exemplo é o filme, “O Triunfo da Vontade”, de 1935, de Leni Riefenstahl, exaltava Hitler e o movimento Nacional Socialista Nazista e as obras de Leni, “O Festival das Nações” e “Festa da Beleza” (1938), mostraram os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, promovendo o orgulho nacional com o sucesso do regime nazista naqueles Jogos. Sempre pregando o anti-semitismo racial, da superioridade do poder militar alemão e da essência malévola de seus inimigos, como eram definidos pela ideologia nazista.


    A propaganda nazista foi uma tentativa coordenada para influenciar e condicionar a opinião pública para domino do regime e para obter apoio da população. A busca da glória e da soberania a todo custo faziam com que essa propaganda e a educação doutrinária estivessem em perfeita sintonia para que fossem cumpridos os objetivos de seus idealizadores e da nova Alemanha. Para disseminar de forma agressiva e expressiva, essa propaganda era direcionada com grande atenção a juventude e as crianças alemãs (Juventude Hitlerista), vistos como potenciais idealizadores para que se sentissem estimulados em dedicar seus esforços a favor do Estado, Hitler acreditava que representariam o futuro da raça ariana, porque os adultos já estariam "velhos" e "gastos".
    O regime nazista até o final utilizou a propaganda de forma efetiva para mobilizar a população alemã no apoio à sua guerra de conquistas. Passando a controlar boa parte da vida das pessoas e a disseminar o ódio étnico-cultural contra o semitismo, tudo isso sustentado por meios de comunicação eficientes e avançados para a época. A propaganda nazista era parte integrante da guerra psicológica, porém o terror foi a sua própria essência. Era também essencial para dar a motivação àqueles que executavam os extermínios em massa de judeus e de outras vítimas do regime nazista. Também serviu para assegurar o consentimento de outras milhões de pessoas a permanecerem como espectadoras frente à perseguição racial e ao extermínio em massa de quem eram testemunhas indiretas. A propaganda impressionava, transformava, enganava e contribuía na criação de uma realidade subjetiva e artificial, utilizando o utilitarismo perverso e disseminando manipulação estatal rigorosa a ponto de estabelecer e realizar o “brainwash” na conduta da sociedade e na opinião pública.

Fontes:
HITLER, Adolf. Minha Luta. 5ª ed. São Paulo: Centauro Editora, 2005.

Hitler e a Pintura - Parte III

por Raphael Favila

Em 1983, August Priesack , uma autoridade em arte de Munique, e o colecionador americano Billy F.Price, publicaram em conjunto um catálogo reunindo pinturas de Hitler . “Muitas obras atribuídas a Hitler são falsificações produzidas por um artista alemão, chamado Konrad Kujau”, conta Price.

Dois esboços e vinte e um quadros feitos por Hitler foram a leilão em setembro de 2006. O total arrecadado chegou próximo aos 120 mil dólares. A coleção foi descoberta em 1986, em uma fazenda belga, e foi pintada por Hitler sessenta anos antes.

Algumas obras de Hitler




















Fontes:
A ilha dos mortos
El arte de La pintura
Jornal mexicano “El Universal
Robert Musil
Franz Werfel
Hermann Broch
Ian Kershaw

Hitler e a Pintura - Parte II

por Raphael Favila

O que teria sido de Hitler se a Academia de Viena o tivesse aceitado como aluno? O que teria sido o século XX se Hitler tivesse sido pintor e não político? A Segunda Guerra Mundial teria acontecido?

O livro "O Arquivo de Hitler" mostra facetas curiosas do ditador nazista, uma delas a fase artística na juventude de Adolf. A obra reúne 265 verbetes, escritos pelo ex-combatente britânico Patrick Delaforce, que esteve na Guarda Oficial de Churchill durante a Segunda Guerra Mundial e após deixar o exército tornou-se escritor especialista em assuntos históricos e de guerra. Em uma das passagens do livro, o escritor lembra-se dos anos em que Hitler formou parceria nos negócios com o austríaco Reinhold Hanisch.
Delaforce conta que Reinhold Hanisch era um vagabundo que se tornou o único amigo de Hitler na enfermaria de caridade em Meidling, um subúrbio de Viena . Hanisch descreveu o jovem Adolf com uma juba espessa de barba sobre o queixo e que se vestia com uma sobrecasaca e um chapéu preto e gorduroso, a partir do qual seu cabelo pendia sobre a gola do casaco. Dormia em abrigos noturnos , vivendo de pão e sopa, onde conheceu o futuro Führer. Debatiam política, muitas vezes entrando em discussões acaloradas . Hanisch convenceu Hitler a se mudar para um albergue para homens, onde permaneceram por um período de sete meses, entre 1909 e 1910; dividam o teto com trabalhadores de colarinho azul e branco e alguns artesãos, mas também com os destroços da sociedade. Apostadores, agiotas, mendigos, empresários falidos e oficiais afastados do Exército . Hanisch registrou-se com o falso nome de Fritz Walter . Ele convenceu o jovem pintor apático a formar parceria em uma base de divisão do lucro em cinquenta por cento para cada um. Hitler pintava desenhos e aquarelas, à taxa de um por dia, os quais
Hanisch vendia nas ruas e bares de Viena. Os altos e baixos nas vendas impossibilitava os dois de comprarem boas roupas, mas estes não passavam mais frio nem fome.
Tinham amizade com muitos judeus, entre eles um negociante de arte húngaro, Josef Neumann, que não só comprou pinturas de Hitler, mas também o apresentou a três outros concessionários.
Hitler também copiava cartões postais e litografias de cenas vienenses. Produziu um cartaz anunciando um tônico capilar, outro para uma cama de penas e outro para
um pó antitranspirante,  vendido sob o nome de marca "Teddy” . Outro cartaz foi para um sabonete. O pôster mostrava uma montanha de barras de sabão em frente a majestosa Catedral St. Sthephan .

Hitler romperia com Hanisch tempos mais tarde, acusando-o de vender uma de suas pinturas (um retrato do Parlamento de Viena) e não dividir o lucro. Hanisch negou essa acusação. Em 04 de agosto de 1910, o austríaco foi denunciado por falsidade ideológica por outro residente do dormitório, Siegfried Löffner, que atuava agora como o novo vendedor das obras de Hitler. A polícia de Viena descobriu que Hanisch estava registrado sob falso nome, o que o levou a sete dias de prisão. A cadeia tornou-se recorrente para o ex- companheiro de Hitler. Hanisch nutria uma certa obsessão por Adolf. Provavelmente foi dele a denúncia anônima à polícia local de que Hitler usava falsamente o título de pintor acadêmico. Ainda, produziu aquarelas que vendeu como supostas obras de Hitler. Para encobrir a fraude, tinha ajuda do amigo Karl Leidenroth para autenticar as falsificações. Como foi um dos poucos a conviver em Viena na juventude com o então agora chanceler Adolf Hitler, o austríaco se tornou peça importante de relatos para a primeira biografia do futuro Führer, onde foi bem remunerado pelos depoimentos ao escritor antinazista. Aproveitou a fase de testemunha, sempre recorrido para entrevistas a jornais e revistas nacionais e internacionais.
Hanisch contestava a afirmação de Hitler que dizia, em Mein Kampf, ganhar a vida em Viena por um tempo como um trabalhador:. "Eu nunca o vi fazer o trabalho duro, mas soube que ele trabalhou como operário de construção. Empreiteiros geralmente empregam somente pessoas fortes". No livro, A Mente de Adolf Hitler , Hanisch relata: "Ele nunca foi um trabalhador ardente, foi incapaz de se levantar de manhã, tinha dificuldade em começar, e parecia estar sofrendo de uma paralisia da vontade."

Após romper com Hanisch, Hitler logo faz amizade com Josef Greiner. Compartilhavam interesses em pintura, música e ocultismo. As técnicas de pintura de Hitler haviam melhorado, sem nenhum treinamento formal de arte. Ele tinha uma habilidade natural e era fluente em estudos a lápis e carvão, excelente colorista  com óleos em paisagem. Era a sua rede de negociantes de arte, composta por judeus, que comprava a maior parte de seu trabalho. Recebeu parte da herança do seu pai, aos 24 anos,  e mudou-se de Viena para Munique. Ficou com a família Popp e continuou a pintar, mas as vendas foram bem menos sucedidas sem os marchands judeus. Rapidamente une-se ao exército da Baviera para servir durante a Primeira Guerra Mundial.

Hitler se tornou o desenhista do jornal do exército. Depois de pintar flores e de fazer “cópias arquitetônicas quase perfeitas”, o jovem artista passa a criar pinturas “mais abstratas e toscas, menos detalhadas do que as anteriores — usando como tema principal o campo de batalha, que eram cidades devastadas”.

Ferido, com uma lesão numa perna, Hitler ficou acamado num hospital. “Quando eu estava confinado à cama, me ocorreu a ideia de que deveria libertar a Alemanha”, contou. Ao receber alta, voltou para Munique e se uniu ao Partido Operário Alemão, que depois se tornou o Partido Nacional Socia¬lis-ta dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista. Começava assim o lado político de Adolf que iria transformá-lo em um dos personagens mais marcantes da História.

Hitler e a Pintura - Parte I

por Raphael Favila

A pintura retrata um soldado alemão ferido, a olhar para o vazio, em uma trincheira na antiga União Soviética.  Conhecido por ser o quadro favorito de Hitler em seus últimos meses de vida, Lembrança de Stalingrado (originalmente Erinnerung an Stalingrad) foi pintado pelo alemão Franz Eichhorst em 1943. A obra, que estava desaparecida desde 1945 e chegou a ser considerada perdida para sempre, teve que ser incluída na lista que compila mais de 4.300 obras de arte pertencentes ao acervo pessoal do Führer. Foi encontrada recentemente junto a outras seis pinturas no inicio de 2012 em um mosteiro a cinquenta quilômetros de Praga. As sete obras, adquiridas por Hitler na Alemanha em 1942 e 1943, foram transferidas à República Checa durante a ocupação nazista para protegê-las de possíveis ataques aéreos dos aliados. Jiri Kuchar, um historiador que procurou as obras de arte de Hitler em vários mosteiros do país durante cinco anos, afirmou que os quadros encontrados poderiam chegar ao valor total de dois milhões de euros.
O título de quadro favorito de Hitler tem sido disputado por várias obras. Durante muito tempo, Hitler teria tido uma especial obsessão por "A Ilha dos Mortos", do pintor suiço Arnold Böcklin, mas também adorava "Alegoria da Pintura", do holandês  Johannes Vermeer, que foi vendido ao ditador alemão em 1940 por Jaromir Czernin, casado com uma mulher judía. O quadro tinha lugar de destaque no museu pessoal de Hitler e hoje está pendurado no Museu de História da Arte de Viena, na Áustria. O país recusa-se a devolver o quadro à Alemanha.

O pintor Hitler

A paixão de Adolf Hitler pela pintura vem da infância. Poucos sabem, mas o personagem que marcou a História mundial como um ditador psicopata e sanguinário, não só adquiriu milhares de obras de arte como também pintou uma dezena delas. O jornal mexicano “El Universal” nota que o Führer cruel “foi um pintor de imagens que transmitiam paz”. O jornal não diz “transmitem”, prefere o verbo no passado, pois, hoje, os quadros são “contaminados” pela má fama do brutal Hitler. “São telas pintadas com suaves tons pastéis, com pintura de aquarela, marcando linhas suaves e relaxadas. Ainda que não pareçam, são obras do jovem Adolf.

O pai de Adolf não queria que o filho fosse pintor. “Artista, não, jamais enquanto eu for vivo!”, disse Alois Hitler. Quando o pai morreu, em 1903, o garoto de 14 anos pôde seguir sua vocação artística. Quatro anos mais tarde morre sua mãe, Klara, e o jovem, agora com 19 anos e órfão, tem de se virar sozinho. Em busca de um futuro melhor, com o objetivo de se consagrar como pintor, muda-se para Viena, capital da Áustria. A cidade fervia intelectualmente à época, e era residência do psicanalista Sigmund Freud e de escritores como Robert Musil, Franz Werfel e Hermann Broch.

 Tentou entrar na Academia de Belas Artes de Viena por duas vezes, mas não conseguiu. A Instituição recomendou-lhe que buscasse seguir arquitetura ao invés de pintura.
“Enquanto esperava ser aceito” pela Academia, “Hitler desenvolveu seu ódio antissemita após a leitura dos discursos de Karl Lueger, defensor da pureza ariana. Esse discurso também refletiu nas pinturas, que, contraditoriamente, Hitler vendia sobretudo para judeus”, os que mais “se interessavam por elas”, relata o jornalista Ángeles Pino.

 Ian Kershaw, historiador e professor inglês, e uma das principais autoridades acadêmicas sobre a vida do Führer, nos conta em seu livro “Hitler, 1889-1936”:  “Aos 18 anos, Hitler foi rechaçado pela famosa instituição. Eis o veredicto: Exame de desenho insatisfatório. Poucas aptidões.” Ele foi “desqualificado em duas ocasiões, - em 1907 e 1908 - aos 18 e aos 19 anos.”

Richard Westwood-Brookes, da Mullocks Leilões (que leiloou em 2010 algumas unidades de quadros pintados por Hitler) deu a sua opinião ao Telegraph sobre o talento de Adolf como pintor:

“Ele simplesmente não era bom o suficiente. Principalmente quando desenhava pessoas, a perspectiva era incorreta… Os investigadores acreditam que, porque foi rejeitado, pode ter transformado a frustração em profundo ressentimento e ter se tornado o monstro que se tornou.”

Assim, Hitler começou a batalhar por uma grana pintando paisagens e copiando as artes dos cartões postais para vender nas ruas, principalmente a turistas. Ganhava mais desse modo do que como um empregado fixo de alguma empresa, estilo de vida que ele se recusava a aceitar como opção.

“Quando recebi minha rejeição, foi como se caísse um raio do céu sobre mim”, contou Hitler, anos depois.

O jovem Adolf continuaria a batalhar pelo seu sonho nos anos seguintes, pintando cada vez mais obras em um curto espaço de tempo. É o que veremos a seguir, na segunda parte da matéria...

“Amigo” do inimigo - Conheça a história do pianista de Adolf Hitler

por Fernanda Macedo

EUA, 1909, Ernst Hanfstaengl, conhecido como Putzi, se forma em Harvard e nem se quer imaginara que seria um dos mais confiáveis amigos de Adolf Hitler.

Nascido em Monique, Putzi era filho de pai alemão e mãe norte-americana, e foi morar nos Estados Unidos para estudar em uma das melhores universidades do mundo. Putzi era constantemente visto tocando piano em festas de grandes personalidades da época, e se instalar numa galeria de arte em Nova Iorque o fez se tornar uma figura cada vez mais importante na sociedade.

Mas como uma personalidade dos EUA poderia ser amiga de Hitler?

Pois bem, o encontro desses dois se deu na Alemanha com o regresso de Putzi à sua cidade natal. Hanfstaengl volta a Munique e ouve Hitler pela primeira vez, em 1922. Impressionado com seu discurso, Putzi dirige-se a ele, diz-lhe que concorda com 95% do que ouviu e disponibiliza-se para discutir os outros 5%.  Hitler se agrada do que ouve e acaba se tornando uma presença habitual na casa de Putzi e este propõe-se “refiná-lo”, qual Pigmaleão. Hitler, por seu lado, para além de uma mal disfarçada paixoneta pela Sra. Hanfstaengl (chega a declarar-se-lhe de joelhos), tem outros interesses na relação com Putzi: este abre-lhe portas e ajuda-o a recrutar apoiantes e financiadores na alta sociedade; e ainda se torna chefe de Imprensa Estrangeira e o pianista privado do líder nazista, para quem tocava Wagner pela madrugada dentro, para o ajudar a relaxar. Pronto! Nascia o amigo do inimigo!

Um dos muitos episódios estranhos do seu protagonista envolve Martha Dodd, a vistosa filha do embaixador americano em Berlim. Convencido de que uma das razões da crescente agressividade do Führer era a ausência de vida amorosa e sexual, Putzi decide arranjar-lhe uma namorada. “Martha, você será essa mulher!”, diz o dirigente nazista à perplexa filha do embaixador. Marca-lhe um chá com o ditador, mas o encontro não corre bem.

Contudo, aquele que era a mão amiga se tornaria uma pedra no caminho.

Putzi não concordava com algumas coisas da filosofia nazista e desgastava-se negativamente com alguns que o acompanhava, entre eles o ministro da propaganda Goebbels. O resultado dessas inimizades não poderia ser outro: um afastamento entre os dois acaba com a inesperada fuga de Putzi da Alemanha, suspeitando que Hitler o quisesse matar.


O “pianista de Hitler”, como lhe chamava a imprensa sensacionalista, refugia-se em Londres em 1939 quando é declarada a guerra. Como milhares de alemães, é enviado para campos de detenção, uns após os outros. Depois de intermináveis atribulações e uma passagem pelo Canadá, sempre como prisioneiro dos ingleses, acaba nos EUA, sob proteção direta do presidente Roosevelt, a produzir relatórios para os serviços secretos: comenta os discursos dos dirigentes nazistas e produz perfis psicológicos de Hitler, deliciando Roosevelt com especulação e análise sobre a vida sexual (ou melhor, a falta dela) do Führer.

Putzi foi descrito por um jornal americano como “o bobo da corte de Hitler”. Ambos foram personagens trágicas em circunstâncias dramáticas, pois como diz aquele velho e bom ditado: “Amigos, amigos, negócios à parte.”.

Fonte:  
O Pianista de Hitler - Autor: Peter Conradi - Editora: José Olympio Editora
O Pianista de Hitler – Artigo da Revista Isto É

Museus e exposições contam um pouco da história de Hitler e da Alemanha nazista

Por Paula Meireles


Museus e exposições espalhadas por todo o mundo contam a história do Holocausto, do trabalho escravo e de outros elementos ligados à Alemanha nazista.

Em 1953, foi estabelecido no Monte da Recordação em Jerusalém, o Yad Vashem, o memorial oficial de Israel, para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto. Desde sua criação foram recolhidos aproximadamente 46.000 testemunhos escritos, áudios e vídeos de sobreviventes. Contém o moderno Museu da História do Holocausto, com vários memoriais, como o Memorial das Crianças e a Sala da Memória, o Museu de Arte do Holocausto, o Vale das Comunidades, a sinagoga, um instituto de pesquisa, uma biblioteca, uma editora e um centro educacional. Os não judeus que arriscaram suas vidas para salvar os judeus honrados como "Justos entre as Nações." 

Em 1993, o Yad Vashem decidiu construir um museu maior para substituir o existente, devido aos avanços tecnológicos, que se tornou o maior museu do Holocausto em todo o Mundo. Consiste em um longo corredor ligado a 10 salas de exposição, contando a história de uma perspectiva judaica. O museu combina as histórias pessoais de 90 vítimas e sobreviventes e apresenta nas suas exibições cerca de 2.500 objetos pessoais, incluindo obras de arte e cartas doadas. No final do museu situa-se a Sala dos Nomes, um memorial aos seis milhões de Judeus que morreram no Holocausto. A sala principal é composta por dois cones: no superior há fotos de passaportes de 600 vítimas e fragmentos de Páginas de Testemunho que são refletidas na água no fundo do cone inferior, lembrando aquelas vítimas cujos nomes permanecem desconhecidos. Em volta de uma plataforma está um arquivo circular, que conserva aproximadamente 2,1 milhões de Páginas de Testemunho.



Em Março de 2005, foi inaugurado o novo Museu de História do Holocausto do Yad Vashem em Jerusalém.

Em 1958, um museu foi estabelecido no IX Forte. No ano seguinte, a primeira exposição foi preparada em quatro celas, com relatos sobre os crimes de guerra nazistas cometidos na Lituânia. Em 1960, a descoberta, catalogação e investigação dos locais de assassinato em massa começaram a ser realizadas como parte do esforço de reunir informações em torno dos crimes. O museu contém coleções de artefatos históricos relacionados tanto às atrocidades soviéticas quanto aos genocídios nazistas. Um memorial em homenagem às vítimas do nazismo com 32 metros de altura foi projetado, e erigido em 1984. A cova coletiva utilizada para o sepultamento das vítimas dos massacres ocorridos no forte é atualmente um gramado, sendo marcado apenas por um simples memorial escrito em diversos idiomas. Nele, lê-se: "Este é o local onde nazistas e seus assistentes assassinaram mais de 30.000 judeus da Lituânia e outros países europeus".



Em 1980 foi inaugurado em Berlim, o Centro Memorial de Resistência Alemão. Foi aqui que o coronel Claus Schenk Graf von Stauffenberg e outros membros do exército alemão que tentaram assassinar Adolf Hitler foram executados. O visitante entra no museu de Stauffenbergstrasse através de um arco, na parede do que está escrito: "Aqui no antigo Quartel-General Supremo do Exército, os alemães organizaram a tentativa de 20 de Julho de 1944 de acabar com o regime nazista de injustiça. Para isso, eles sacrificaram suas vidas. A República Federal da Alemanha e o Estado de Berlim criaram este novo memorial lugar no ano de 1980". No pátio central, há uma estátua de um homem nu, marcando o local onde os conspiradores foram executados. Em frente à estátua, enterrado no chão, há uma placa que diz que o museu é composto de uma série de exposições narrando a história da Alemanha nazista e de todos os indivíduos e grupos que se opunham a isso, por qualquer motivo. A todos os resistentes são dados igual respeito. O museu, buscando mostrar as muitas vertentes da sociedade alemã que contratou em atividade de resistência, não procura disfarçar o fato de que a grande maioria dos alemães apoiou o regime de Hitler e que nunca houve um movimento de resistência eficaz. Isto sublinha a moderna doutrina militar alemã, que sustenta que os militares têm o dever moral que vai além da obediência cega de encomendas, e que aqueles oficiais que conspiraram para matar Hitler não eram traidores, mas heróis.  O museu também faz um determinado ponto de demonstrar como Hitler explorou o anti-semitismo para ganhar poder e liderar a Alemanha à ruína. Exemplos gráficos de propaganda anti-semita nazista são exibidos. O museu reproduz muitos documentos oficiais, jornais, cartazes, folhetos ilegais, cartas particulares e fotografias: mais de 5.000 itens individuais em todos.



Em 1993, foi criado o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, no Distrito de Colúmbia, que tem recebido mais de 30 milhões de visitantes de mais de 100 países, sendo uma parte muita pequena deles judeus. A maior parte do museu é ocupada por exposições permanentes, que começam no quarto piso e terminam no segundo andar, onde é contada cronologicamente a história do Holocausto através de mais de 900 artefatos, 70 monitores de vídeos, e quatro salas que incluem filmes históricos e testemunhos. Os principais temas abordados são a exclusão dos judeus da sociedade européia para o acúmulo com a Segunda Guerra Mundial, a invasão da Polônia por nazistas da Alemanha, a concentração nos campos do extermínio e guetos na Europa ocupada, a resistência judaica sob o regime nazista, resgate, libertação, e anos do pós-guerra. Ao final da exposição tem um testemunho do filme de sobreviventes do Holocausto, que é executado continuamente.
Ainda na parte permanente, há uma torre dentro de três andares do edifício, que está alinhada com cerca de um milhar de fotografias da vida cotidiana antes do Holocausto na pequena shtetl (aldeia), na Lituânia, onde existia cerca de 3.500 habitantes, quase todos judeus, mortos em 1941, pelo Alemão SS. Há também um memorial oficial para as vítimas e sobreviventes do Holocausto.
Como exposições temporárias têm inúmeras abertas ao público que tratam de vários temas como anti-semitismo, genocídio em Darfur, e a propaganda nazista.
O museu também tem exposições de viajar, que possibilita acolher exposições para as comunidades em todo o mundo. Existem vários temas para escolher, incluindo "Nazi Olimpíadas: Berlim 1936", "Perseguição nazis de homossexuais", e outros dependendo do que uma comunidade deseja.
              Em Dezembro de 2013, o longo diário, de 400 páginas, guardado por um assessor de alto escalão de Adolf Hitler quando supervisionava o genocídio dos judeus e outros grupos durante a Segunda Guerra Mundial, uma peça-chave nas provas durante os Julgamentos de Nuremberg, foi entregue ao Museu. Os agentes de Imigração e Alfândega dos EUA encontraram o diário de Alfred Rosenberg, em Wilmington, Estado do Delaware, e se apoderaram dele, encerrando uma busca de quase 70 anos pelo documento, que desapareceu depois dos Julgamentos de Nuremberg, em 1946. Rosenberg acompanhou de perto boa parte do planejamento do Estado nazista, a matança em massa de judeus e outros grupos étnicos, bem como o planejamento da ação na Segunda Guerra mundial e foi réu nos Julgamentos de Nuremberg, na Alemanha, de 1945 à 1946. Foi considerado culpado de todos os quatro delitos de que era acusado: conspiração para cometer agressão de guerra, crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Ele foi enforcado em 16 de outubro de 1946.





Em Outubro de 2010, foi aberta em Berlim, a primeira exposição concentrada no líder nazista que arquitetou tudo isso desde a sua morte em 1945. Em uma entrevista para o canal BBC Brasil, o diretor da instituição afirma que a exibição de suásticas e de imagens de Hitler é proibida por lei, a não ser em um contexto científico, e a exposição não é para propaganda. Descendentes judaicos contam sobre o desconforto causado pela exposição.



Em Outubro de 2010, foi aberta em Berlim, a primeira exposição concentrada no líder nazista que arquitetou tudo isso desde a sua morte em 1945. Em uma entrevista para o canal BBC Brasil, o diretor da instituição afirma que a exibição de suásticas e de imagens de Hitler é proibida por lei, a não ser em um contexto científico, e a exposição não é para propaganda. Descendentes judaicos contam sobre o desconforto causado pela exposição.


Outros museus referentes ao Holocausto e a Hitler podem ser encontrados em Buenos Aires, Miami, Nova Iorque, Budapeste e nas mais diversas cidades, além de exposições e campos de concentrações.


Fontes:
G1
BBC Brasil
Wikipédia

Por trás das cenas: Adolf Hitler

por Úrsula Castro e Luiza Portela

Dizia-se corajoso, perspicaz, dando uma impressão de ser imortal, um semideus

Adolf Hitler tinha estatura mediana, algo incomum em relação aos alemães, que eram considerados de estatura alta – pelo menos em sua grande maioria, o que não o impedia de ser uma celebridade perante os olhares daqueles que o cercavam, seja nos momentos públicos, seja nos momentos privados. Tinha a pele clara e olhos azuis. Seu hálito desagradável (provavelmente decorrente de seus problemas estomacais crônicos) não afastava de si aqueles que o admiravam. Tentava compensar o fedor que exalava de sua boca por meio de constante higiene dental.

Ao passar pelas ruas, a multidão se espremia para vê-lo. Tocá-lo, por exemplo, seria um momento inesquecível para essa legião de fãs que o seguiam na Alemanha dos anos 30 e início dos anos 40. Não era por menos que ele se vestia impecavelmente (gostava de paletós largos, para gesticular muito), pois queria sempre se apresentar bem perante o grande público e aqueles que de si se aproximavam cotidianamente.

O Führer desenvolveu um tipo de saudação (não nos referimos àquela de erguer a mão direita) na qual ele apertava, com bastante força, a mão ao cumprimentar os homens (sempre olhando bem dentro dos olhos), acrescentando, inclusive, uma espécie de “balanço” junto à mão de quem era cumprimentado, decerto com a intenção de mostrar segurança, autoridade. Quanto às mulheres, no entanto, limitava-se à gentileza, ao cavalheirismo, o que o fez ser admirado por muitas alemãs de seu tempo.

Sabia agradar e gostava de falar muito. Fazia questão de ser o centro das atenções. Contrariá-lo seria a mesma coisa que não lhe obedecer: ficava rancoroso e não hesitava na hora de dar o troco. Arrogava para si uma inteligência incomum (e de fato era inteligente), achando-se a última moeda do cofre. Chegou a declarar:“Não quero ter filhos. Já observei que descendentes de gênios geralmente sofrem demais”, uma clara demonstração de seu convencimento em matéria de supremacia própria.

Gostava de contar os feitos de quando ainda era jovem, os quais sempre o projetavam para um heroísmo estilo norte-americano dos filmes conhecidos atualmente. Narcisista por natureza. Tinha uma intuição aguçada: dos sete atentados que sofreu, pressentiu que algo lhe estava para acontecer.

Dizia-se corajoso, perspicaz, dando uma impressão de ser imortal, um semideus. De fato, embora não sendo ateu e muito menos adepto de uma religião (chegou a consultar videntes, mas zombava de suas previsões), cria numa providência sobrenatural, tanto que, mesmo quando já havia claros sinais de sua derrota militar, chegou a imaginar que essa mesma providência proporcionaria uma saída milagrosa, revertendo o destino que o selou definitivamente.

Não gostava de se apresentar vulnerável, daí o porquê de ter evitado se mostrar publicamente usando óculos. Chegou, inclusive - tentando compensar eventuais problemas visuais -, a ordenar fossem instaladas na Chancelaria máquinas de escrever com letras maiores do que as normais.

Tinha mania de limpeza. A razão se deve, muito provavelmente, pelo fato de achar que qualquer doença o conduzia à sensação de estar prestes à morte (tinha muito medo de morrer), o que explica a importância que os médicos exerceram em sua vida. Estes, por sinal, desempenharam um papel importante no tratamento de seus problemas de estômago e intestino, os quais incomodavam constantemente o ditador alemão. Consta que, no final da vida, tomava 28 medicamentos, muitos dos quais diariamente.

A partir de julho de 1944 (quando sofreu um atentado que por muito pouco não o matou), aumentou consideravelmente um tremor na mão direita, cujo mal o perseguiu até o dia em que o mesmo cometeu suicídio, em 30 de abril de 1945.

Embora Hitler fosse extremamente cuidadoso em matéria de saúde, ele se negava a fazer exames físicos completos, o que o impedia de se despir na frente de quem quer que fosse. A razão estaria na anormalidade de seus genitais: um testículo não descido. Ele também ainda sofria de outra anomalia: a uretra se abria na parte de baixo do pênis (um problema que atinge também as mulheres). Assim, o ditador que propunha a pureza e a superioridade racial, pregando o desaparecimento de quem apresentasse alguma anomalia genética, não poderia revelar os seus próprios problemas genéticos.

Adolf Hitler tinha uma dieta alimentar controlada. Adorava frutas, verduras e legumes. Não era fã de carne, principalmente depois que presenciou sua sobrinha morta (que cometeu suicídio, muito provavelmente por causa do tio ciumento –Hitler –, com quem manteve um caso amoroso).

Não bebia nem fumava, embora tivesse sido flagrado bebendo cerveja, um típico costume dos alemães. Não abria mão de bolos, principalmente se fossem cremosos e açucarados (ainda hoje é difícil saber se era Hitler que gostava mais de bolos ou se D. João VI de frangos assados). Sendo necessário, ele (o ditador alemão) abria mão dos rigores alimentares só para aumentar seu prestígio com o povo. Quando começou a criar barriga, sua amante Eva Braun (na cama, ele era masoquista e gostava de ser chamado de nenê) o convenceu a fazer caminhadas, alegando que não cabia bem a um chefe de um poderoso império se apresentar em público gordo e com uma barriga aparente.

Tinha hábitos noturnos, tanto que preferia produzir intelectualmente durante as madrugadas. Era hipersensível à luz solar, razão por que não gostava de andar sob o sol forte. Geralmente ia dormir somente depois das 4 da madrugada, e se levantava depois das 11 da manhã.

Era extremamente metódico e não se apartava de sua velha rotina. Só não foi superado pelo filósofo Kant, conhecido por sua rotina quase inabalável. Hitler tomava café da manhã ao meio-dia, e em seguida despachava com seus subordinados mais próximos. Durante o almoço (geralmente acompanhado de dez pessoas), o Führer gostava de falar muito, mostrando seus dotes intelectuais: dissertava sobre os mais variados assuntos: história, arte, política e ciências.

O maior genocida da história era dado à leitura. Gabava-se de ler um livro por dia (o que é provavelmente um exagero – do tempo recorde e não do gosto pelos livros). Sua biblioteca continha mais de 16 mil volumes, muitos dos quais obras raras e consideradas eruditas, dentre as quais as coleções completas de Goethe, Schiller, Kant e Shakespeare, cujos livros se achavam luxuosamente encadernados. Hitler tinha uma paixão especial por dicionários, tanto que entre seus livros foi encontrada uma coleção de 12 volumes. Tinha uma memória invejável, fato este que o levou a reter grande número de informações extraídas das seguidas leituras que fazia.

Não dispensava o famoso cochilo depois do almoço. Gostava de se deitar no sofá, sempre com as mãos sobre os olhos. Quem o despertava era Eva Braun (sua amante), que tinha o hábito de iniciar uma conversa ao pé do ouvido do Führer, em tom mais elevado, numa tentativa de acordá-lo de seu sono vespertino.

O jantar começava costumeiramente por volta das 20 horas. Em seguida todos iam assistir a uma sessão de cinema, cujos filmes preferidos eram King Kong, Branca de Neve e os Sete Anões e Metropolis. Depois, todos participavam de conversas informais, sempre centralizadas na figura do ditador, que tinha o costume de se prolongar em sua fala, principalmente quando estava preocupado com algo. Era comum a fadiga dos ouvintes, que disfarçavam o inconveniente.

Adolf Hitler tinha também o seu lado cômico: gostava de fazer imitações para seus convidados. Os alvos escolhidos eram os líderes estrangeiros, atentamente observados pelo Führer durante os encontros internacionais. Ele gostava de imitar seus trejeitos e maneira de falar. É de se presumir que Stalin, Mussolini, Charles de Gaulle, Roosevelt e Churchill foram imitados pelo ditador alemão, doutor em dissimulação. Com o primeiro, foi criada inclusive uma caricatura onde os dois, abraçados, firmavam o noivado (Hitler o noivo e Stalin a noiva), uma referência ao pacto de não agressão acordados pelos dois líderes, pouco antes do início da guerra.

Embora dado à arte de imitar, Hitler não gostava de sorrir. Sua secretária pessoal e seu guarda-costas relatam que o viram sorrir com maior intensidade somente em duas ocasiões: uma quando a França se rendeu, em 1940 (ele dançou na frente dos generais, que ficaram bastante surpresos), e a outra quando aconteceu a anexação da Tchecoslováquia. Neste último caso, ao sair da sala de reuniões, o ditador pediu às duas secretárias que o beijassem, uma em cada bochecha:“Minhas queridas, tenho uma boa notícia. Hacha [presidente do país] acaba de assinar. É o maior triunfo da minha vida. Vou entrar para a história como o maior dos alemães”. E deu um sorriso radiante!

Muitas vezes gentil, mas perdia a prudência sempre que era contrariado ou estivesse passando por problemas pessoais, principalmente quando a Alemanha perdia a guerra pouco a pouco. Quando isto acontecia, dava gritos em seus subordinados, cujo som ecoava nos corredores da Chancelaria.

Certa vez, lia, em pé, sob uma árvore, a alguns metros de seu segurança particular, quando uma mosca passou a incomodá-lo copiosamente. Tentou afastá-la, mas sempre sem sucesso. O segurança se conteve para não rir do episódio. Perceptivo, Hitler notou a intenção do soldado, e disparou: “Se não é capaz de manter um bicho desses longe de mim, significa que não preciso de um segurança desses!”. Não deu outra: o rapaz foi demitido de suas funções.

Hitler tinha uma paixão especial por cachorros. Cuidava, com muito carinho, de alguns deles, com quem desfrutava de momentos descontraídos, geralmente quando ele subia a montanha, em sua casa de campo – um dos lugares preferidos do Führer. Chegou a declarar que “Casamento está fora de questão. Se precisar de amor incondicional, sempre poderei contar com Blondi e Prinz [pastores-alemães]”. A frase por si só demonstra quanto carinho ele nutria pelos cães de estimação, sendo a cadela Burly sua preferida, tanto que tinha acesso a seus dossiês secretos (mordia, colocava na boca) e se achava no direito de se deitar nas poltronas da sala de estar do ditador. Hitler costumeiramente fazia carinhos nos animais, mas mudava de comportamento repentinamente quando chegavam visitas, em cujos momentos chegava a despedir os cães com brutalidade, uma forma de camuflar seu lado dócil e vulnerável.

O líder alemão era dissimulado: afirmava uma coisa e fazia outra. Chegou a declarar que jamais anexaria a Tchecoslováquia, escondendo, assim, seu plano maquiavélico. Na invasão à Polônia, ordenou que os soldados agissem brutalmente, com a máxima severidade, não poupando as crianças nem os velhos. Consta que a mãe do Führerera superprotetora, convencendo-o de que ele era o máximo. Seu pai, por sua vez, alimentou o ego do ditador com excesso de patriotismo e de autoestima.

Seus últimos dias de vida lhe foram dolorosos e angustiantes. Suas roupas, antes impecáveis, agora demonstravam o desleixo: era comum encontrar restos de bolos em seus paletós. Sua sobremesa favorita, outrora ingerida comedidamente, era devorada em vários momentos do dia, sempre às pressas, como se alguém fosse roubá-la de suas mãos. Passou a ficar hipertenso e desenvolveu o mal de Parkinson. Dormia cada vez mais tarde e menos. Andava curvado e envelheceu muito nos últimos meses. Passou a culpar seus soldados de traição e não viu outra saída senão o suicídio. Três dias antes, porém, se casou com Eva Braun. No dia 29 de abril de 1945, testou o veneno que tomaria no dia seguinte em uma de suas cadelas. Hitler também não queria que seus cães fossem mortos ou levados pelos russos. No dia 1º de maio, um dia após a morte do Führer, a esposa de Joseph Goebbels dá veneno para os seis filhos do casal e em seguida faz o mesmo.

Assim como aconteceu com o médico nazista Mengele (morto por um derrame e afogamento numa praia brasileira, em fevereiro de 1979), a forma como Hitler morreu é vista como desproporcional em relação às perversidades que ambos praticaram em vida. A dor sofrida pelos dois parece de fato insignificante ante a crueldade em questão, cabendo apenas uma observação: levando em conta o caráter e o modo de ser do líder alemão, suas ideologias e seu desejo incessante de vitória, é prudente afirmar que a partir de 1943 (quando o exército alemão sofre uma decisiva derrota na Rússia), e principalmente nos últimos meses de vida, ele (Hitler) sofreu de uma dor que machuca profundamente (a popular “dor na alma ou emocional”), tanto que seu comportamento e sua estrutura física e psicológica revelaram de forma inequívoca seu pesar, ainda que isto seja incomparavelmente menor do que suas monstruosidades praticadas principalmente nos seus últimos dez anos de vida.

Fontes: 
Adolf Hitler - Wikipedia
Curiosidades sobre Hitler

A doutrinação nazista

por Raphael Joppert

Após a morte de Hindenburg, ex-presidente alemão e principal adversário político de Hitler, em 1934, os caminhos ficaram livres para Adolph implementar de vez a doutrina nazista. Hitler era agora chanceler, chefe de Estado, chefe do partido, comandante supremo das Forças Armadas... o Führer (“chefe”, “guia”), de autoridade incontestável.
A sociedade toda teve de se adaptar ao novo poder. O recrutamento para as organizações nazistas se iniciava na infância: o pertencimento à “Juventude Hitlerista” (Hitlerjugend), que contava com 8,7 milhões de membros em 1939, era obrigatório entre os 10 e 18 anos. Alistavam-se para o trabalho obrigatório de seis meses após a maioridade e depois para o serviço militar. “Fora da casa dos pais e da escola, é na juventude Hitlerista que se de deve educar física, intelectual e moralmente a juventude alemã, no espírito do nacional-socialismo, a fim que ela se ponha a serviço do povo e da comunhão popular”, dizia o trecho da lei que obrigava o alistamento dos jovens, escrito por Hitler.
O plano de disseminação ideológica nazista não estava reservado aos meninos. As jovens ingressavam na Jungmädel, dos 10 aos 14 anos. Uniformizadas, praticavam esportes e freqüentavam cursos que já as preparavam para se tornarem boas mães de família. De 14 a 18 anos, passavam a integrar as tropas da União propriamente ditas. Depois, exceto para trabalhar ou cursar ensino superior, tinham duas possibilidades: fazer um curso profissionalizante de três anos em uma das comunidades de trabalho da associação Fé e Beleza, ou se prepararem para os “deveres maternais”, inscrevendo-se, por também três anos, nos cursos de prendas domésticas, culinária e higiene oferecidos pelo Serviço Nacional das Mães. O mundo do trabalho também era firmemente enquadrado: a Frente do Trabalho contava com 20 milhões de membros e estendia seu domínio até às atividades de lazer dos empregados, controladas pela organização Força para a Alegria (Kraft durch Freude).
O nazismo se imiscuía em todos os aspectos da vida cotidiana, dos nomes das ruas (cada cidade ganhou a sua praça Adolf Hitler) aos gestos repetitivos e onipresentes, como a saudação hitlerista obrigatória. Em 1935, Goebbels declarou: “O nacional-socialismo não é somente uma doutrina política, é um ponto de vista total que engloba todos os negócios públicos. Nossa vida inteira deve ser baseada nele. Esperamos que chegue o dia que ninguém mais precise falar do nacional-socialismo, pois ele terá se tornado o ar que respiramos”.
Os nazistas ambicionavam não somente exercer controle externo sobre a população; queriam também conquistar os corações e dominar os espíritos. Para realizar essa tarefa, o regime se apossou da cultura e das mídias. A política cultural nazista foi em primeiro lugar um amplo expurgo. Artistas condenados por sua origem judaica ou seu posicionamento político foram proibidos e estigmatizados através de ações espetaculares. Obras de autores acusados de espírito “não alemão” foram queimadas em Berlim pelos estudantes nazistas. Ao longo da década de 30, exposições que desprezavam a “arte degenerada” – a pintura expressionista, a música contemporânea e o jazz – apresentada como produto de espécies raciais mais baixas, foram organizadas em toda a Alemanha. O direito de exercer uma profissão artística ou jornalística estava condicionado ao pertencimento à Câmara de Cultura do Reich, o que permitia reduzir ao silêncio indivíduos considerados indesejáveis ou não adaptados. Assim, milhares de personalidades – as mais talentosas – tomaram o caminho do exílio.
Essa instrumentalização do meio artístico para a exaltação do poder caracterizou os produtos mais emblemáticos da política cultural do regime – a representação grandiosa das reuniões do partido em Nuremberg, imortalizada no cinema por Leni Riefenstahl (assista a um trecho no final da matéria), ou os gigantescos projetos arquitetônicos desenvolvidos por Albert Speer, arquiteto de Hitler, para as cidades alemãs do futuro. A arte nazista era antes de tudo a estetização da política levada ao extremo. E a exibição de suas representações foi tema central nas atenções do regime, levando ao controle e ao desenvolvimento dos meios de difusão, essenciais para transmitir a mensagem nazista ao conjunto da “comunidade do povo”.
Desde fevereiro de 1933, a imprensa fora submetida à censura. O Ministério da Propaganda, criado no mês seguinte e dirigido por Goebbels, ditava às mídias a linha a seguir e impunha uma homogeneização dos conteúdos. Graças a uma estratégia de fusões, nacionalizações e expropriação dos grupos pertencentes a judeus, os nazistas conseguiram controlar a maior parte das mídias. Em 1939, a editora do partido dominava mais de dois terços da imprensa alemã; a UFA, principal companhia de produção cinematográfica, tornou-se uma empresa estatal; o regime também se tornou dono de uma rádio, um meio de comunicação cuja popularização foi muito encorajada. Mais de 70% das casas alemãs eram equipadas com esses aparelhos em 1939. A voz de Hitler penetrava em cada casa, e moldava mentes.
Em alguns anos, os nazistas conseguiram concentrar em suas mãos todos os poderes e a exercer sobre a vida social e cultural alemã um controle que se pretendia total. Entretanto, essa constatação merece duas observações. Em primeiro lugar, a normalização da sociedade não era apenas o produto da violência repressiva e da pressão exercida do alto pelo partido e pelo aparelho de Estado. Envolvidos por uma onda de unanimidade que atingia camadas inteiras da população, que as organizações de médicos e de advogados demonstraram voluntariamente fidelidade ao regime, em 1933, e inúmeros clubes culturais e esportivos excluíram os judeus e os opositores. Mesmo quando surgiu, em meados dos anos 1930, um verdadeiro Estado policial cuja ação se libertou de qualquer resquício de legalidade, este continuou a depender muito da cooperação de alguns alemães comuns dispostos a denunciar seus concidadãos. Desse modo, o controle total foi também fruto das dinâmicas e de atores no interior da própria sociedade.


terça-feira, 3 de junho de 2014

Leni Riefenstahl

por Juan Silvera


Leni Riefenstahl nasceu em Berlin, em 22 de agosto de 1902. Faleceu com 101 anos, em 2003. Quebrou em seus 101 anos de vida uma infinidade de paradigmas e aportou ao cinema uma grande quantidade  de experiências inovadoras que se faz necessário destacar ,por seu brilho apesar de sua vinculação e colaboração durante una década com a ideologia e a cúpula do poder nazista.
Desde  muito jovem iniciou sua carreira como bailarina. Uma lesão  do menisco a afastou  temporariamente dos palcos. Em 1924, entrou em contato com o Dr. Arnold Fanck, apôs assistir a um filme dele sobre os Alpes dolomitas. 
Colaborou com Arnold Fanck durante vários anos e aprendeu a manusear  a câmera, além de protagonizar vários filmes, entre eles O Monte Sagrado (título original: Der heilige Berg).
O filme de Eisenstein, O acorazado Potemkin (Título original: Bronenosez Potyomkin), foi decisivo para sua dedicação ao cinema. 
Aos poucos foi se arriscando em cenas de difícil execução, obtendo uma reputação alta como atriz e investiu dinheiro na produção de filmes.
 Ela não quis ficar restrita a atuar e em 1932 dirigiu seu primeiro filme - além de ser a protagonista do mesmo -,   A luz azul,  (título original:Das blaue Licht), premiado na Mostra de Veneza, e que a lançou internacionalmente. Pouco tempo antes de chegar ao poder em 30 de  janeiro de 1933, Hitler quis conhecê-la e foram apresentados. Hitler causou grande impacto na atriz e agora diretora, aceitou realizar a direção de dois documentários para o congresso do partido: A Vitoria da Fé (Der Sieg des Glaubens) em 1933 e o Triunfo da Vontade (Triumph des Willens) em 1936. 
Obteve com estes documentários o Prêmio Nacional de Cinema, a medalha de ouro na Bienal de Veneza e a medalha de ouro na exposição Universal de Paris em 1937.
Em 1936, com Olimpíada (Título original: Der film von den XI Olympischen Spielen), uma epopeia sobre os jogos olímpicos  de Berlin, obteve não somente grande reconhecimento do povo e do governo nazista, como também foi premiada  com o Leão de Ouro no festival de Veneza. A estreia do filme foi no dia do aniversário de Hitler, em duas seções  privadas: uma para a Festa dos Povos (Fest der Völker)  e a outra para Festa da Beleza (Fest der Schönheit).
Nessa época, motivada pelas críticas recebidas por parte de alguns generais do sistema que não concordavam com a confiança nela depositada por Hitler, filmou o curta metragem O dia da liberdade (Tag der Freiheit), um documentário  sobre a Wehrmacht hitleriana, em 1935. No mesmo período viajou pela Espanha rodando as externas do filme Terra Baixa (Tiefland), que mais tarde teve que suspender por falta de financiamento.


Leni Riefenstahl sempre contou com vastos recursos técnicos e materiais, mesmo na época em que os outros cineastas alemães viam sua produção ser interrompida por problemas financeiros. 
Para rodar o documentário O Triunfo da Liberdade por exemplo, teve à sua disposição rolos de película para rodar até 60 horas, 16 operadores, 30 câmeras, 4 equipes de áudio, um dirigível para tomadas aéreas, mais de 100 refletores potentes e contou com 350.000 habitantes da cidade de Nüremberg como figurantes.
Ela retomou as filmagens de Terra Baixa (Tiefland),  na Alemanha, onde mandou construir um set nos moldes de uma aldeia espanhola. Mais tarde foi acusada de ter utilizado como figurantes, um grupo de ciganos retirados de um campo de concentração e de obrigá-los a trabalhar em regime de escravidão.
Após as filmagens, estes teriam sido assassinados ao voltar ao campo de concentração.
Devido aos intensos bombardeios em Berlim se trasladou para Kitzbühel na Áustria, onde depositou todo o material de seus filmes, incluindo Terra Baixa, em fase final montagem.
Com o término da guerra foi detida pelo exército norte-americano, teve sua casa e seus pertences confiscados, entre eles as cópias dos filmes. Sempre negou conhecer o extermínio praticado pelo nazismo e se defendeu das acusações alegando ingenuidade e não má vontade, mesmo nunca tendo lamentado o fato; disse que se soubesse das atrocidades jamais teria apoiado Hitler, sempre negou o Holocausto. 
Após ser liberada pelo exército norte-americano, foi presa no Tirol pelos franceses, teve seus bens novamente confiscados. Já em liberdade viveu alguns meses na miséria tendo sido internada num manicômio durante três meses, onde recebeu eletrochoques numa tentativa de “desnazificá-la”.
Submetida a vários juízos pelas justiças francesa e norte- americana foi declarada inocente de ter pertencido ao partido nazista, tendo sido qualificada como somente  simpatizante do regime nazista e ter tido uma relação estritamente profissional com Hitler.
Vinte anos após ter iniciado as filmagens terminou a montagem do filme Terra Baixa e finalmente estreou.
Viajou pela África fotografando os corpos atléticos dos Nuba, cujas fotografias e  filmes rodaram o mundo; para isto ela se integrou as tribos para entender seus costumes e aprendeu a língua.  Este culto ao corpo, demonstrado pela obsessão de fotografar os atléticos Nubas, foi utilizado pelos seus críticos para indicar suas evocações das ideias nazistas.


Na última etapa de sua vida profissional, descartou o ser humano de suas fotografias e nos meados dos anos setenta começou  a fotografar recifes de coral, um tema que inclusive lhe permitiu rodar seu último filme, absolutamente esvaziado de conteúdo, Impressões debaixo d’Água (título original: Impresionen unter Wasser), que realizou  com 97 anos e apresentou em 2000 com 100 anos de idade. Se iniciou no mergulho aos 72 anos e com mais de 90 anos continuava  saltando de paraquedas.  Faleceu  aos 101 anos, em 2003.
Seus aportes para o cinema mundial são de indiscutível vanguarda: em 1935, nas filmagens das olimpíadas de Berlin utilizou -o que hoje e denominado “travelling”- carrinhos para deslizar as câmeras sobre rodas para acompanhar a corrida dos atletas; cavou fossos para obter ângulos de câmera (pongée) com uma perspectiva aérea e até uma câmera  submersa para captar o final dos saltos ornamentais.
No seu livro de memórias ela inicia com a seguinte frase “sempre andei à procura do insólito, maravilhoso e misterioso da vida”

Fonte:

sábado, 31 de maio de 2014

Hitler e o Futebol

Por Flavio Renato






Verdade ou não, Hitler realmente era torcedor do Schalke 04, registros indicam que antes do inicio da 2° Guerra Mundial ele e seus adeptos do regime nazista eram fanáticos pelo time do subúrbio industrial de Gelsenkirchen, que amargou a derrota do campeonato em 1933, mas voltou a ser campeão no ano seguinte derrotando o favorito FC Nuremberg da região da Baviera, e isso foi apenas o começo de uma série de vitórias durante o regime nazista, chegando a final em sete dos oitos campeonatos, conquistando 5 títulos.


Na final do campeonato de 1941, o Schalke enfrentou um time da Áustria, que era considerado um adversário muito forte o Rapid Viena e base da seleção Austríaca, que nos  anos 30  era uma das seleções mais fortes da Europa, antes do pais ser anexado a Alemanha, com isso os times da Áustria foram obrigados a disputar a liga Alemã aumentando a rivalidade.

ORapid Viena venceu a copa Alemã em 1938 e outro time austríaco chegaria a final em 1939 o Admira Viena, ficando com o vice campeonato, em 1940 o Rapid Viena chega a final novamente, mas não leva o titulo, esse time cresceu com tempo por sempre estar nas finais.

No ano seguinte, em 1941 numa tarde de Domingo do mês de Junho houve um confronto imperdível para austríacos e alemães, não pela rivalidade do esporte, e sim pela rivalidade regional. Ignorando a origem austríaca de Hitler, a cultura dos  alemães de tradição por fazerem uma divisão entre norte e sul, vigorava a todo vapor, protestantes contra católicos, e prussianos contra austríacos. Os alemães sempre acharam os austríacos inferiores, pois eles achavam os alemães do norte como incultos e arrogantes.

Construção da Personalidade de Hitler

Por Thaynara Leal

Origem:


Adolf Hitler nasceu no dia 20 de abril de 1989, em Braunau-am-Inn, uma pequena localidade perto de Linz, na província da Alta-Áustria, próximo da fronteira alemã e que naquela época, fazia parte do Império Austro-Húngaro. O seu pai, Alois Hitler (1837-1903), nasceu como filho ilegítimo e era funcionário da alfândega. Até os 40 anos, o pai de Hitler, usou o sobrenome da mãe, Schicklgruber. Em 1876, passou a empregar o nome do pai adotivo, Johann Georg Hiedler, cujo nome terá sido alterado para “Hitler” por erro de um escrivão.

A mãe de Hitler, Klara Hitler (o nome de solteira era Klara Polzl), era prima em segundo grau do pai de Adolf. Ela foi levada para a casa do primo para tomar conta dos filhos dele, enquanto a atual esposa, que estava doente, era cuidada por outra pessoa. Depois da morte desta, Alois casou-se, pela terceira vez, com Klara, depois de ter esperado meses por uma permissão especial da Igreja Católica, concedida exatamente quando Klara já se mostrava visivelmente grávida. No total, Klara teve seis filhos de Alois. No entanto, apenas Adolf, o quarto, e sua irmã mais nova, Paula, sobreviveram à infância.

Relação com os pais:

Hitler era muito companheiro da mãe e, presumivelmente, não gostava do pai, que apreciava a disciplina e o educava severamente, além de não compartilharem muitas ideias políticas. O pai se opunha ao fato de Hitler
desejar se tornar um artista.

Em janeiro de 1903 morreu Alois Hitler, vítima de apoplexia. Em Dezembro de 1907 morreu Klara, de cancro, o que o teria afetado sensivelmente.

O artista:


Com dezenove anos de idade Hitler era órfão e partiu para Viena, com o objetivo de se tornar um artista. Em 1907, fez exames de admissão à Academia de Belas-Artes de Viena, mas foi reprovado duas vezes seguidas. Nos anos seguintes permaneceu em Viena sem um emprego fixo, vivendo inicialmente do apoio financeiro de sua tia Johanna Pölzl, de quem recebeu herança. Chegou mesmo a pernoitar num asilo para mendigos na zona de Meidling no outono de 1909.

Teve depois a ideia de copiar postais e pintar paisagens de Viena - uma ocupação com a qual conseguiu financiar o aluguel de um apartamento, na Rua Meldemann. Durante o tempo livre frequentava a Ópera Estatal de Viena, especialmente para assistir a óperas relacionadas com a mitologia nórdica, de Richard Wagner, e cujas produções viria, mais tarde, a financiar, como meio de exaltação do nacionalismo germânico. Muito de seu tempo era dedicado à leitura.

Em Maio de 1913, recebeu uma pequena herança do pai e mudou-se para Munique. Como escreveria mais tarde em Mein Kampf, sempre desejara viver numa cidade alemã, talvez de acordo com o seu desejo de se afastar do império multiétnico Austro-Húngaro e viver em um país homogêneo. Em Munique, interessou-se especialmente por arquitetura e pelos escritos de Houston Stewart Chamberlain.

O militar:


Ao mudar-se, fugia também ao serviço militar no exército Austro-Húngaro, que o capturou pouco depois e o submeteu a um exame físico. Foi considerado inapto para o serviço militar e permitiram-lhe que regressasse a Munique, onde prosseguiu a sua atividade de pintor, vendendo por vezes os seus quadros pela rua.

Em agosto de 1914, quando a Alemanha entrou na Primeira Guerra Mundial, alistou-se imediatamente no exército bávaro. Serviu na França e Bélgica como mensageiro, uma posição muito perigosa, que envolvia exposição a fogo inimigo, em vez da proteção proporcionada por uma trincheira.

A folha de serviço de Hitler foi exemplar, mas nunca foi promovido além de cabo, que era a patente mais alta oferecida a um estrangeiro no Exército Alemão à época. O seu cargo, num lugar baixo da hierarquia militar, refletia a sua posição na sociedade quando entrou para o exército.

Não estava autorizado a comandar qualquer agrupamento de soldados, por menor que fosse. Foi condecorado duas vezes por coragem em ação. A primeira medalha que recebeu foi a Cruz de Ferro de Segunda Classe em dezembro de 1914. Depois, em agosto de 1918, recebeu a Cruz de Ferro de Primeira Classe, uma distinção raramente atribuída a não oficiais, até porque Hitler não podia ascender a uma graduação superior, já que não era cidadão alemão.

Ao término da Primeira Grande Guerra, Hitler permaneceu no exército, agora ativo na supressão de revoltas socialistas que surgiam pela Alemanha, incluindo Munique, para onde Hitler regressou em 1919.

O bode expiatório:


Recebendo um salário baixo, Hitler continuou ligado ao exército. Fez parte dos cursos de "pensamento nacional" organizados pelos departamentos da Educação e propaganda (Dept Ib/P) do grupo da Reichswehr da Baviera, Quartel-general número 4 sob o comando do capitão Mayr. Um dos principais objetivos deste grupo foi o de criar um bode expiatório para os resultados da Guerra e a derrota da Alemanha. Este bode expiatório foi encontrado no "judaísmo internacional", nos comunistas, e nos políticos de todos os setores.

Para Hitler, que tinha vivido os horrores da guerra, a questão da culpa era essencial. Já influenciado pela ideologia antissemita, acreditava avidamente na responsabilidade dos judeus, tornando-se em breve num divulgador eficiente da propaganda concebida por Mayr e seus superiores. Em julho de 1919, Hitler, devido à inteligência e dotes oratórios, foi nomeado líder e elemento de ligação (V-Mann) do "comando de esclarecimento" com o objetivo de influenciar outros soldados com as mesmas ideias.

O lider:


Foi, então, designado pelo quartel-general para se infiltrar num pequeno partido nacionalista, o Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP). Hitler aderiu ao partido recebendo o número de membro 555 (a numeração começara em 500, por orientação de Hitler, para dar a impressão de que o partido tinha uma dimensão maior do que a verdadeira), em setembro de 1919. Foi aqui que Hitler conheceu entre outros, Dietrich Eckart, um antissemita e um dos primeiros membros do partido.

Hitler não seria liberado do exército antes de 1920. A partir dessa data, começou a participar plenamente nas atividades do partido. Em breve se tornaria líder do partido e mudou o seu nome para Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei - NSDAP (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães), normalmente conhecido como partido Nazi, ou Nazista, que vem das palavras "National Sozialistische", em contraste com os Sozi, um termo usado para descrever os sociais democratas. O partido adotou a suástica (supostamente um símbolo do "Arianismo") e a saudação romana, também usada pelos fascistas italianos.

Serviu-se, depois, do apoio da Sturmabteilung (SA), uma milícia paramilitar de homens identificados com camisas castanhas, que vagueavam pelas ruas atacando esquerdistas e minorias religiosas e gritando slogans de propaganda, que criou em 1921, para aparentar um ambiente de apoio popular. Por volta de 1923 conheceu Julius Streicher, o editor de um jornal violentamente antissemita chamado Der Stürmer, que apoiaria a sua propaganda de promoção pessoal e de ódio antissemita.

O Partido Nazista era nesta altura constituído por um pequeno número de extremistas de Munique. Mas Hitler, em breve, descobriu que tinha dois talentos: o da oratória pública e o de inspirar lealdade pessoal. A sua oratória de esquina, atacando os judeus, os comunistas, os liberais e os capitalistas, começou a atrair simpatizantes. Alguns dos seguidores desde o início foram Rudolf Hess, Hermann Göring, e Ernst Röhm, o líder da SA. Outro admirador foi o marechal de campo Erich Ludendorff.

O bigode:


Existem muitas versões para a origem do famoso bigode de Hitler. O seu amor por Charlie Chaplin é frequentemente citado como a principal inspiração. O seu contemporâneo Moritz Frey, no entanto, alegou que todos os militares eram obrigados a aparar os bigodes para acomodar a máscara de gás regulamentar.

O suicídio:


A partir de 1943, no entanto, aconteceu a queda alemã e o atentado de 20 de julho de 1944 contra Hitler, ocorrido no Wolfsschanze (Toca do Lobo), que revelou a força da oposição interna. Nessa época, a saúde de Hitler estava muito debilitada, possuía problemas cardíacos, era hipocondríaco, sofria de insônia, sofria também de mal de Parkinson e estava envelhecendo precocemente. Após uma última derrota (ofensiva das Ardenas, em dezembro de 1944), Hitler refugiou-se em um bunker (esconderijo) na cidade de Berlim, onde mais tarde cometeria suicídio em 30 de abril de 1945.

Fontes:
Wikipedia
Educação.uol.com.br
Livro Adolf Hitler - Minha Luta